sábado, 30 de junho de 2007

Admirável Livro Velho

   Existem vários livros que todos devem ler ao menos uma vez na vida. Admirável Mundo Novo é um deles. Um dos fatos mais surpreendentes no romance de Aldous Huxley é que, como acontece com alguns outros grandes clássicos, suas histórias e predições por vezes parecem pertencer a um futuro alcançável e próximo, ao mesmo tempo em que, a depender do olhar, podem representar uma metáfora do presente. Acredito que é aproximadamente isso o que vêm pensando também seus outros leitores ao longo das últimas décadas.
   A história, publicada em 1931, é futurista (“mas não de Marinetti!”), classificada como distópica e representa uma reflexão crítica sobre o futuro da humanidade. Sob a máxima “Comunidade, Identidade, Estabilidade” encontramos uma sociedade onde o fordismo revigorou-se até um ponto extremo. Henry Ford (1863-1947) é considerado uma espécie de messias sendo reverenciado por toda a população civilizada. Com mais exatidão, Huxley acreditava que a sociedade chegaria a esse patamar no século VII "depois de Ford" - como conta o calendário do Novo Mundo.
   Fazendo referência à Matrix podemos também dizer que “existem campos sem fim onde os humanos não nascem mais, são cultivados”. Os campos, no entanto, são os laboratórios do D.I.C. (Centro de Incubação e Condicionamento), onde humanos são criados em proveta e, muitas vezes, clonados em grande número. O Estado é responsável pela educação das crianças e a Família foi abolida. Assim como a religião, a monogamia, o pudor e a senilidade. Desde apenas fetos, até sua morte, todos são condicionados para agirem de acordo com sua localização em um funcional sistema de castas.
   Revoltante? Não para os civilizados de Huxley. O ponto-chave dessa sociedade é que todos seus homens e mulheres são completamente felizes.

E é aí - disse sentenciosamente o Diretor, à guisa de contribuição ao que estava a ser dito - que está o segredo da felicidade e da virtude: gostar daquilo que se é obrigado a fazer. Tal é o fim de todo o condicionamento: fazer as pessoas apreciarem o destino social a que não podem escapar. (HUXLEY, 1931, p. 12)


   A felicidade constante é obtida não só pelo complexo – e completo – condicionamento. O Soma é a fuga dos problemas de toda e qualquer pessoa desse futuro. A droga sem efeitos colaterais aparentes é o que acalma a população e ajuda a fugir de qualquer conflito que se possa vivenciar. Qualquer mínimo tormento é rapidamente dissipado com gramas de soma, o que garante que todos os indivíduos mantenham-se submersos na aceitação. É exatamente isso o que garante a estabilidade desse mundo.
   Porém, como em qualquer sociedade aparentemente concebida como perfeita, existem casos de fuga nos padrões. Os homens que acabam por “despertar para a vida” são rapidamente excluídos, não apenas pelo próprio Estado como também por todos aqueles com quem convivem. Os “excêntricos” são mandados para Ilhas e vivem numa comunidade, de certa forma, excomungada e, portanto, mais esclarecida.

[...] A sua elevada condição intelectual cria também responsabilidades morais. Quanto maior é a capacidade de um homem, mais possibilidades têm de desencaminhar os outros. [...] (id, p. 68)


   Em outra interessante face de todo o processo, Reservas de Selvagens foram construídas em locais considerados inúteis fisicamente e são habitadas pelos homens que foram deixados, desde o começo, à mercê da nova ordem. Apenas alguns poucos civilizados de castas superiores têm o direito de fazer visitas a esses locais. Ao encontrarem uma cultura completamente diferente, por serem condicionados, consideram-na abissal e a menosprezam.
   No mundo civilizado, técnicas avançadas de contracepção são ensinadas às mulheres que não mais engravidam. Sob a idéia de que “Cada um pertence a todos”, conceitos como mãe e pai são considerados ofensas obscenas e a idéia de família não entra em suas cabeças.
   Há, também, uma desvalorização do passado e da história. Só lhes importa o presente, o que é novo. Cantores, obras literárias, personagens famosos, datas históricas: tudo foi abandonado para o bem da sociedade. Sobraram poucos, muito poucos, nomes aos quais referências ainda são feitas, sob a autorização da Administração Mundial, por ainda condizerem com suas idéias. Ainda assim, qualquer culto ao passado é inadmissível.
   Um dos fatos mais notáveis desse novo mundo é a forma como uma política de impessoalidade pôde contribuir para a própria felicidade individual. O Estado está tão preocupado com sua ordem, com seu sistema, que procura garantir o bem-estar psicológico de todos os homens. Quando lhe é questionado se ao humano não é necessário um pouco de tristeza, de adrenalina e de emoções fortes, que somente a desgraça pode trazer, o Administrador Mundial responde dizendo que

[...] Foi por isso que tornamos obrigatórios os tratamentos de S.P.V - Sucedâneo de Paixão Violenta. Regularmente, uma vez por mês, irrigamos todo o organismo com uma torrente de adrenalina. É o equivalente fisiológico completo do medo e da cólera. Todos os efeitos tônicos provocados pelo assassínio de Desdêmona e pelo fato de ser assassinada por Othello, sem nenhum dos seus inconvenientes. (ib, p. 109)


   É exatamente isso. A sociedade é tão aperfeiçoada que fez questão de livrar-se, com recursos científicos, de todos os inconvenientes possíveis para manter-se inabalável. Não cabe mais ao homem os sentimentos verdadeiramente humanos, porque são esses sentimentos os que nutrem a revolta e o descontrole social. A felicidade é tão presente que lembra o que diz Orwell no também polêmico 1984: “Guerra é paz”.
   A guerra constante do mundo de Orwell torna-se paz justamente por ser constante – e aqui podemos fazer um paralelo e entender porque a violência foi banalizada em nosso mundo, porque não nos assustam mais as notícias terríveis dos noticiários – e, creio, a felicidade constante do mundo de Huxley torna-se uma espécie de guerra para todos aqueles que não estão habituados a ela.

[...] A felicidade real parece sempre bastante sórdida quando comparada com as largas compensações que se encontram na miséria. E é evidente que a estabilidade, como espetáculo, não chega aos calcanhares da instabilidade. E o fato de se estar satisfeito não tem nada do encanto mágico de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de um combate contra a tentação ou de uma derrota fatal sob os golpes da paixão ou da dúvida. A felicidade nunca é grandiosa. (ib, p.101)


   Talvez o que nos choque em todos estes romances distópicos seja perceber as verdadeiras faces do homem. Ficamos boquiabertos ao encontrar sociedades onde a maneira humana de ser leva a uma realidade um tanto quanto desumana, mas, provavelmente, também ficaríamos assim se, uma vez fora dela, conhecêssemos nossa própria sociedade.
   As predições de Huxley, Orwell, dos irmãos Wachowski e de tantos outros autores não são apenas predições, são reflexos da nossa própria realidade e de seus possíveis desdobramentos. É crível que possamos mesmo caminhar para um não tão admirável Mundo Novo, assim como nos submeter aos olhos do Grande Irmão ou à falsa realidade da Matrix, mas mesmo essas sociedades talvez não sejam tão inaceitáveis quanto a nossa. As possibilidades do futuro podem ser assustadoras, mas devemos ter consciência de que o presente já é assustador o bastante para ser julgado da mesma forma.
   Parafraseando Agatha Christie, ao falar de seu próprio livro: Todas estas histórias não são impossíveis, apenas fantásticas.

por Emilãine Vieira
Referência: HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. 2 ed. São Paulo: Globo, 2001.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Ninguém que explique e nnguém que não entenda

   Será que não é a nossa liberdade que nos enlouquece? Essa liberdade que nos apresenta um possível direito de escolhas, que nos condena a pensar e a refletir.
   Não é o nosso livre arbítrio o que nos faz cair em lágrimas ao enfrentar escolhas difíceis? E, então, se nos suprimissem o direito à liberdade mas conservassem a felicidade, não estaríamos, de alguma forma, mais completos? Se pudéssemos escolher entre os dois conceitos, quantos de nós prefeririam a liberdade? Estar embebido em felicidade não é mais apetecedor do que apenas estar livre, conservando todos os momentos de tristeza?
   Não apenas isso. Até onde a liberdade pode ser capitalista? Será que ela é mesmo compatível com uma sociedade que se regozija com superioridade econômica?
   Nossa liberdade vive sob o regime de controle monetário. Somos todos livres, porém, menos livres ao passo que formos mais pobres. Não é difícil enxergar: A Constituição nos garante a liberdade de locomoção mas não dá condições para tal, temos a liberdade para adquirir os bens que quisermos mas não temos dinheiro para fazê-lo. É tão fácil pregar uma liberdade que não pode ser exercida!
   É dedutível que dinheiro compra liberdade. Não apenas no sistema carcerário. É a liberdade financeira e ela está, sim, ligada ao estado de ânimo e ao direito de escolher porque, ser livre financeiramente, garante uma maior capacidade de agirmos - e de nos defendermos. Será que, ao menos neste ponto, por comprar liberdade, o dinheiro não compraria também felicidade se elas duas realmente caminhassem tão unidas?
   Há ainda a liberdade de escolhas. Mas quantas vezes nos privamos de nossos direitos como seres livres por estarmos amarrados a conceitos como aceitação social? Talvez, por este lado, nossa liberdade não se limite ao que fazemos. Talvez não seja exatamente a liberdade de ação o que nos deslumbra na promessa.
   A liberdade de idéias! Ah, essa sim, parece-nos a mais plena. É plena e, infelizmente, talvez utópica. Somos condicionados. Condicionamento não condiz com liberdade. E somos. Somos todos os dias, pela televisão, pelas pessoas, pelos livros, pelo que quer que seja. Damos a liberdade de nos condicionarem e nos sentirmos libertos ao fazer escolhas limitadas por eles.
   A liberdade é, acredito, um estado de espírito. Talvez inerente ou talvez nunca realmente alcançado. Talvez nossa liberdade escravista seja a maior e mais bem planejada mentira dos séculos, mas garante-nos ao menos o conforto de acreditarmos que somos livres. É essa liberdade controlada que nos enche de prazer ao fugirmos um pouco de nossas próprias expectativas.
   Será que, se verdadeiramente livres, seria possível sermos felizes?

sábado, 23 de junho de 2007

Poluição sonora


Troca-se vida numa cidade pseudo-grande
por vida numa casinha no meio do mato.

   Por que essa decisão? Porque hoje é, acreditem, um dia muito poluído. Claro que existem muitos motivos para isso. É sábado, é São João, estamos em plena cidade e, o principal, amanheci hoje muito sensível a sons. Concluí que essa poluição pode acabar me custando a sanidade.
   Acordei de um sonho em que Zezé di Camargo e Luciano estavam fazendo um show numa praça perto daqui. É, e isso nem é o mais grave da história toda. Acordei e descobri que um som altíssimo tocava músicas da dupla. Tentei tampar os ouvidos e voltar a dormir. Adiantou apenas um pouco. Acabei acordando novamente quando um carro de som passou decidido a aumentar meu calvário. Levantei. O barulho externo - como um castigo - é mais alto no meu quarto, então, o melhor era sair logo dali. No quarto ao lado, meu irmão ouvia música. Verdade seja dita, posso amar uma música mas, se a escuto quando não estou afim, ela me dá raiva. Na cozinha, minha mãe preparava o almoço enquanto ouvia o rádio, logo, as vozes se uniam ao choques dos pratos e panelas.
   Fui até outro quarto, irritadíssima, e peguei dois pedaços de algodão para meter nos ouvidos e tentar atenuar a situação. Voltei para o quarto. Músicas de letras repetitivas, sugestivas, obscenas, agora ocupavam o lugar que antes fora da dupla sertaneja. Só um pouco - foi o resultado do algodão -, mas já era algo. Consegui me distrair e quando me dei conta, o bar tinha se calado. Ótimo, paz! Nem tanto.
   Almoço. Televisão às alturas. Quarto do meu irmão, com a porta aberta, a repetir sempre as mesmas músicas (abuso infeliz!). Volto ao meu quarto para tentar um novo pouco de paz. Cachorros no vizinho latem sem parar, alto Alto ALTO. Um som qualquer toca Raul, também muito alto, e, já disse: gosto mas, quando não quero, torna-se odioso. O carro de som volta para completar a festa. Anúncio do quê? Estou irritada demais para prestar atenção.
   Os cachorros não param. Alguém coloca uma música infeliz em som de carro. Tenho horror a som de carro. Odeio aquele tum-tum-tum que, a depender da música, os alto-falantes (não apenas) dos automóveis fazem quando o volume está muito alto.
   Volto a tentar os algodões. Os cachorros latem mais ferozmente do que é possível cobrir. Tento escrever, mas meu cérebro se atém a xingar todo o caos sonoro. Lembro-me de que é por isso que gosto das madrugadas, daquele silêncio e daquela paz...
   Alarme de carro. Tum. Barulho de motor. Tum-tum. Barulho de andar. Tum-tum-tum. Barulho dos fogos de São João. Tum. Barulho de teclado. Tum-tum. Barulho de pessoas correndo. Tum-tum-tum. Barulho do latir. Tum. Barulho do dono a gritar com os cachorros. Tum-tum. Barulho do cooler do computador. Tum-Tum-tum. Carros, ônibus, pessoas, animais, ruídos. Tum-tum-tum como um martelo. Ruídos. Tum-tum-tum na minha cabeça. Ruídos. Não importa aonde eu vá: Tum. Tum-tum. Tum-TUm-TUM!
   Eu grito (como se pudesse silenciar a todos com meu próprio barulho). Outro carro passa com música alta. Tum-tum-tum. Choro. Vou enloquecer!
   Tum-tum-tum. Tum-tum-tum. Acabo descobrindo dentro do carro, na garagem, o melhor silêncio, pelo abafamento das janelas e portas devidamente fechadas. É o paraíso. Dormi. Infelizmente, confesso, acordei no mesmo mundo sonoramente caótico... Tum  tum  tum:
   - Meu reino por um protetor de ouvidos!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Vivo pouco demais?

   Existem sensações que vão e voltam como bumerangues. Uma dessas sensações é a de não estar vivendo a vida da maneira correta.
   Podem argumentar dizendo que não há uma maneira correta ou que cada pessoa deve encontrar a maneira que satisfaz suas próprias vontades. No entanto, volta-e-meia penso se não deveríamos nos arriscar mais, fazer mais coisas, sair da mesmice constante na qual vivemos, porque sabemos, claro, que cedo ou tarde essa mesmice vai sair de nossas vidas levando a própria vida junto... E vai ser tarde demais para qualquer arrependimento.
   Horas em que um novo sono antecede a própria lembrança de ter acabado de acordar, dias quentes em que você lembra do convite que recusou, tardes vazias em que os filmes são suas únicas companhias. Esses são momentos comuns na vida, horas tão comuns que se tornam formas dispendiosas de sobrevivência.
   Será que sou só eu que olho ao meu redor e penso em tantas coisas que poderia fazer? Não são apenas "coisas", algumas são coisas que, de certa maneira, não me chamavam a atenção ou nunca me agradaram. Mas são coisas que dariam histórias, lembranças, uma grande variedade de estoque para minha mente.
   Eu fico pensando nos anos que vão vir: Quando eu tiver oitenta anos-e-nada-para-fazer, será que eu vou me arrepender de tudo que eu não fiz quando poderia fazer? Será que não vou pensar em todo o tempo que eu gastei com nada ou com nada interessante? Será que não estamos todos gastando tempo demais tentando economizar alguma coisa sem nem saber ao certo o quê?
   Não sei se é falta de coragem ou medo de errar. Talvez medo de ser repreendido, medo de ouvir "não", ou falta de um pontapé inicial. Porém, agora, muitas vezes antes de negar convites, de deixar de fazer coisas, eu penso nisso tudo e mudo de idéia.
   Tenho vontade de sair correndo, viajar, fazer uma revolução, entrar pra história, mudar o rumo de tudo ou simplesmente mudar meu próprio rumo. Não sei o que falta, mas falta. E então não faço nada disso. Talvez o que nos impeça seja esse comodismo que nos consome, essa idéia comum de que é melhor estar como estar do que correr o risco de estar pior.
   Ainda que não mude nada, é sempre bom tentar de vez em quando. Sabe como é, seria "melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez"...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Dicas para o (próximo) Dia dos Namorados

   Resolveu pedir a opinião de outras pessoas e no fim descobriu que todo mundo também estava perdido que nem você? Acontece! Mas, pelo menos, rende cada pérola!
   Por essas e outras, vai aí um mini utilitário com 17 dicas que coletei e que você precisa saber antes de comprar seu presente.

01- Tenha todas as medidas do seu namorado;
"Dá um sapato" "Não sei quanto ele calça" "COMO NÃO SABE!?" "Não sei, ué..." "Que absurdo!". Não precisa se sentir um et, é só começar a preparar um bloco com todas as medidas. Não se esqueça de perguntar frequentemente se o pé dele cresceu ou quantos quilos ele engordou.
02- Nunca dê uma camisas;
"Dá uma camisa!", diz alguém. "Camisa não! Dá vontade de chacoalhar a menina: Seja mais criativa, peloamordedeus, criatura!!!!", responde outra pessoa. Portanto, nunca dê uma camisa a menos que queira correr o risco de virar suco.
03- Descubra se seu namorado tem tendências alcoólicas;
"Seu namorado bebe? Dá um cantil de whisky pra ele!" Mais tarde acabei descobrindo que um vendedor de uma loja famosa deu essa sugestão pra metade da cidade. Não culpem suas namoradas.
04- Perfume dá azar;
"Que tal um perfume?" "PERFUME NÃO!", gritou pulando em cima e puxando a gola da roupa, "Dá azar! O amor acaba quando acaba o perfume. Já aconteceu com várias amigas minhas". Concluí que se ainda assim você quiser presenteá-lo com perfume deve obrigá-lo a não usar o perfume todo.
05- Desenvolva o lado intelectual do seu namorado;
"Um livro!" "Ele não gosta de ler." "Dá mesmo assim, deixa ele mais inteligente." Por isso, quando der o livro, tenha certeza de que ele está lendo. A dica é fazer perguntas e aplicar uma prova com questões abertas para verificar o andamento.
06- Confira se ele tem muitos quadros bregas em casa;
"Uma amiga minha vai dar um certificado de melhor namorado do mundo". Quem sabe ele emoldura e coloca na parede, né?
07- Tire fotos com seu namorado;
"Faz uma daquelas blusas com a foto dele escrito 'EU TE AMO'". (!!!)
07.1- Tire fotos com seu namorado;
"Dá um porta-retrato com uma foto de vocês dois juntos".
07.2- Tire fotos com seu namorado;
"Fiz um vídeo com fotos da gente e com uma música que a gente gosta".
08- Não imite os outros sem analisar a situação;
"Vou dar uma panela ou um conjunto de garfos". Perceba que essa não é a melhor idéia se seu namorado não estiver na mesma situação na qual estava o dessa informante.
09- Descubra se seu namorado tem tendências gays;
"Eu prefiro ganhar coisas mais sentimentais do que materiais, não vou negar! Não vou negar!".
10- Pense em tudo um ano antes;
"A gente pegou um cofre e juntou dinheiro por um ano, agora vamos quebrar e sair para jantar". Nessa dica também vem a idéia de, para evitar constragimentos, trocar o dinheiro antes de chegar no local.
11- Nunca pense como ele;
"Se eu fosse meu namorado... o que eu compraria?" Vocês podem acabar com presentes iguais!
12- Chocolates são perigosos;
"Compra um negócio de chocolates bem lindo ali na loja" "Mas o namorado dela vai ficar com um mooonte de espinhas, coitada! Vai parecer um mutante!".
13- Brigue com seu namorado um dia antes;
Invente uma briga por um motivo idiota (por exemplo: quando passar alguma mulher muito feia, diga que ele estava olhando para ela e faça um drama) , vá embora antes que ele resolva tudo e só faça as pazes um dias depois. Você ainda pode escapar da suspeita soltando algo do tipo "Eu tinha pensado em um presente lindo para você, ainda bem que deixei para comprar depois, você não merece mesmo!".
14- Fique doente no dia;
Outra versão da dica anterior. Faça ele perceber os sintomas na noite do dia 11 e amanheça péssima no Dia 12. Depois diga pra ele que você ainda não tinha comprado nada e que não gosta de dar presentes fora da data certa. Prefira doenças leves como uma gripe ou um resfriado. Tétano e caxumba requerem maiores esquemas na encenação.
15- Sua criatividade pode estragar seu presente;
Não o presente que você vai dar, mas o que você vai receber. Uma informante conta que foi brincar com o namorado dando anéis de compromisso (falsos) e descobriu que ia ganhar anéis de compromisso (verdadeiros) horas depois. Um caso a ser melhor estudado.
16- Dvds e CDs são sempre uma solução;
"Dá um dvd ou um cd então!!", diz alguém depois de dar duzentas dicas e receber caretas em troca. Claro que esse quesito não é verdadeiro se seu namorado não tiver aparelho de dvd, som ou cd-rom. Também não é verdadeiro se você escolher um artista que ele odeia.
17- Não acredite em dicas que encontrar na internet.
Você vai descobrir sugestões esdrúxulas e outras muito bregas. O pior de tudo é que vai perceber que existe muita gente que ainda segue as dicas... Coitado do seu namorado =/

   Todos os nomes foram omitidos para preservar a identidade de nossos informantes. Os diálogos foram levemente exagerados para melhor compreensão das dicas. Agradecemos a sua preferência. Voltaremos com mais dicas no Dia das Avós.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Foi-se o tempo das vacas magras

   Todo mundo sabe que as mulheres nunca estão contentes com elas mesmas e que os padrões estereotipados da mídia acabam refletindo nos costumes de todo um exército de anônimas. Mas e se, repentinamente, as excluídas resolvem se revoltar e virar o jogo?
   O primeiro levantamento a ser indicado é que a beleza é mais uma área que defende o direito de igualdade para todos e que não cumpre sua promessa.
   Já faz algum tempo que tem havido uma superexposição de transtornos como a bulimia e a anorexia, que seriam consequências do padrão modelo-seca-de-passarela. O problema é que a mídia fala mas não explica. Ou explica demais e confunde a cabeça das pessoas.
   Então, voltando ao primeiro parágrafo, não sei se estamos assistindo o início de mais uma reviravolta nos padrões estéticos, dessas que ocorrem ao longo dos anos, mas, repentinamente, todas as meninas com IMC abaixo do recomendado começaram a ser bombardeadas pelas idéias sobre "Ana" e "Mia". As modelos continuam nas passarelas mas as críticas crescem dentro e fora delas.
   É óbvio que esses transtornos devem ser acompanhados e criticados, mas parece que todos esqueceram das magras magras. Esqueceram de todas as mulheres que tem predisposição genética, que comem o que querem e o que não querem, que estavam (ou não) satisfeitas com elas mesmas e que, com toda essa história, assistem sua auto-estima entrar em colapso.
   Vejo muitas meninas que nunca gostaram de ser magras desabando de vez por causa dessa nova moda. Deve ser uma ótima tática para os donos da academia que vêem o número de seus clientes aumentar, assim como também cresce o número de mães preocupadas com suas filhas. Talvez seja ótimo na visão de muitos médicos mas, na minha opinião, muito (o que não quer dizer toda) dessa preocupação é injustificada e acaba complicando a vida de várias pessoas.
   Não acredito mais naquela frase "Metade do mundo passa fome, a outra metade quer emagrecer". Tem muita mulher magra querendo engordar e a indústria de beleza também é bastante injusta com essa classe. Existem pessoas que não conseguem ganhar peso, que tentam dietas pra esses fins e que passam por sacrifícios equivalentes aos de outras pessoas que se consideram gordas. Acredito que esse seja mesmo um grupo menor, e que, por isso, não tem o direito de defesa correto.
   É necessário que as pessoas entendam que não apenas quem está acima do peso possui problemas de aceitação com seu próprio corpo. A defesa não pode vir apenas para um grupo. A minoria não pode ficar mais uma vez à margem de tudo. Antes de sair por aí estabelecendo novos estereótipos deveríamos olhar ao redor e ver quantas pessoas mais uma vez serão excluídas e se sentirão mal por causa deles. Será que precisamos mesmo ser movidos com base em padrões?
   Se todos são bonitos como são, isso inclui todas as nossas queridas magrinhas, secas, varetas, falsas anoréxicas, esqueletos, bambús, ou como você quiser chamá-las... Mas que são, acima de tudo, seres humanos como você. :)

Tpm² - Menina encanada

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Falada Língua

   A última crise de falta do que fazer me levou a folhear uma gramática. As primeiras páginas trouxeram à tona a alfabetização e me fizeram pensar sobre como a gente interioriza tudo, passa a fazer certo sem precisar questionar se está ou não dentro das normas. Só que o que me deixou chocada foi tudo aquilo que aprendi sem aprender.
   Vou ser mais específica. As páginas da gramática descrevem o que chamam de classificação das vogais e consoantes. Uma dessas classificações é determinada pela zona de articulação. Pra deixar a coisa mais confusa vou citar um trecho da Gramática Ilustrada de Hildebrando André:
   "Som produzido quando a língua se conserva quase em repouso, baixa, a boca aberta e o véu palatino (palato mole) se levanta, impedindo a passagem da corrente de ar para as fossas nasais;"
   MASCOMOASSIM? Sim, amigo, essa enrola toda é o que você conhece apenas por letra A.
   Lendo isso me surgiu uma grande dúvida: Como é que eu aprendi a bendita letra A?! E todas as outras letras também! Juro que desde que li essas classificações me pego, vez ou outra, pensando se minha língua está encostando no desgramado do véu palatino ou coisa assim.
   Quero dizer, todos aqueles bebês na fase do gugu-dádá estariam, na verdade, recitando mantras enquanto filosofam sobre a posição da sua língua em relação aos alvéolos dos dentes, da abertura da boca ou algo do tipo? Será que é por isso que a gente esquece tudo que pensava nessa idade? Pra não ficar louco (e mudo)?
   Provavelmente não. Então imagine ensinar as crianças usando essa metodologia: "Toque o lábio inferior e os dentes superiores, criando um obstáculo parcial à corrente de ar. Agora sopre." O resultado deveria ser como a letra f ou v. Será que daria certo?
   Acho que é por isso que aprender violão, outras línguas e tanto mais fica difícil. É que eu sei que se soubesse que falar era tão complicado... provavelmente não teria falado nunca.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Lá na Casa dos Carneiros mora a arte

   O público jovem Conquistense não está habituado à música de Elomar Figueira. Talvez seja o peso do ditado popular "Santo de casa não faz milagre" ou talvez uma estranha falta de interesse ou falha de divulgação. Ninguém sabe explicar com certeza.
   Elomar é músico, conhecido no Brasil e no exterior, e recebeu descrição de Vinícius de Moraes como sendo "um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido [...]". Ainda assim, algumas vezes, é possível ouvir comentários a seu respeito tratando-o, muito contrariamente ao título de príncipe, como um desconhecido. Talvez seja ele um príncipe essencialmente diferente ao ponto de tornar-se apenas mais uma pessoa em seu próprio território?
   Não importa qual seu título, é o próprio Elomar Figueira que agora se propõe a abrir olhos há muito tempo adormecidos com a Fundação Casa dos Carneiros. Após a inauguração com o concerto realizado no dia 02 de junho, a Casa, imortalizada pela canção Cantiga de Amigo, é sede da Exposição Portinari. Até o próximo dia 17 o público pode conhecer algumas das principais obras de Cândido Portinari e redescobrir o encanto de um dos maiores artistas do país.
   Ao ouvir observações dos monitores, o visitante conhece os fatos e curiosidades que circundam o autor que viveu e morreu pela arte. Portinari, mártir por morrer intoxicado com suas próprias tintas, soube representar o povo brasileiro de forma única. Navegou por diferenciados temas, bem como caminhou por variadas técnicas e sob variadas influências. No local, essa diversidade é exemplificada por obras como Retirantes e O último Baluarte que recebem a companhia de outras, aparentemente mais inocentes, como Futebol.
   A exposição está aberta, a preço simbólico, para o público geral nos finais de semana. Enquanto isso, nos dias de semana, empresas e escolas têm sua vez.
   É importante citar que a visita de escolas da rede pública ao local, promovidas pela Secretaria de Educação, proporcionam não só o conhecimento da vida e obra do autor como também uma nova visão para muitos jovens que estão distanciados da área pelo ainda existente elitismo artístico. As escolas utilizam-se da visita para desenvolver trabalhos capazes de despertar novos interesses nos alunos que conhecem, discutem e divertem-se ao passear pelas salas, enquanto ampliam conhecimentos sobre seu próprio povo e história.
   Certo é que lá na Casa dos Carneiros nos deparamos com um verdadeiro oásis de cultura no meio de uma característica caatinga. Por isso, se você ainda repete o velho clichê de que Conquista não tem espaço para arte e para o bom gosto, Muda o disco!