A vida não pára: o automóvel, sim
A Terra surgiu muito antes dos homens e já foi palco de inúmeras formas de vida. Com a aparição das interferências antropogênicas a constância das transformações no planeta multiplicou-se e ampliou seus patamares de ação. O mundo mudou de cara e mudou de comportamentos. O ser humano, apesar de sempre dependente do meio, age unicamente em benefício da própria espécie. O aquecimento global é apenas uma das conseqüências mais visíveis dessas interferências.
O efeito estufa, responsável pela possibilidade da vida, é agora uma das maiores ameaças à humanidade. E, ironicamente, suas principais causas estão justamente nas ações das pessoas. O planeta, como um corpo febril, aqueceu-se sob a ação dos gases poluentes, das mudanças nas vegetações e da criação das ilhas de calor.
Considerarmos que o planeta comporta-se como um organismo vivo que depende de todas as ações é tanto clichê quanto real. A teoria do caos é um pleno exemplo de como a ação dos homens acaba por influenciar também outras formas de vida. Se uma borboleta pode causar um tufão em outra parte do mundo, imaginemos, por exemplo, a proporção das conseqüências da emissão diária de toneladas de gases poluentes na nossa atmosfera.
Convém notarmos que até mesmo o início de ações imediatas só pode causar mudanças em cerca de um século. Este, que deveria ser um alarme sem igual para a importância da causa, é também um dos motivos pelo qual ela é relegada. O homem é dotado de egoísmo e imediatismo que o faz preocupar-se apenas com o que cabe em sua expectativa de vida.
É provável que muitas espécies possam desaparecer devido ao aquecimento global. Nesta categoria podemos incluir os próprios humanos. No entanto, muitas outras possuem uma incrível capacidade de adaptar-se. Falamos do mesmo planeta que já sobreviveu a uma Era glacial, que, no entanto, dizimou os dinossauros. Devemos entender que ele não precisa dos homens: a Terra continuará existindo e, provavelmente, continuará a compor vida.
O homem, tão egoísta e certo de sua pujança, deveria entender que lutar por um respeito ambiental e desenvolvimento sustentável é lutar essencialmente por sua própria existência. Deve, então, compreender que a falta de ações acarretará em ainda maior nível de conseqüências em curto período. Só assim dar-se-á início as atividades necessárias antes que o homem confirme-se, como nas palavras de Hobbes, lobo do próprio homem.