sábado, 25 de agosto de 2007

Matem o apanhador no campo de centeio!

   O Humberto Gessinger disse uma vez que existem dois tipos de música que valem a pena existir: as músicas que quando tocam no rádio você vai, corre, e muda de canal ou as que você vai, corre, e aumenta o volume. Acho que isso vale para tudo, inclusive para livros.
   Existem os livros que te surpreendem e os que te decepcionam. Existem aqueles que você corre para elogiar e os que você corre para xingar. Costumo só falar de bons livros, então, vou falar de um que me decepcionou e esperar que comecem a me atirar pedras.
   Pelo título você já deve ter entendido. Eu terminei de ler já faz um bom tempo (apesar dele continuar ali na sidebar), mas ainda tinha que escrever aqui minhas impressões sobre O apanhador no campo de centeio.
   Não é meu tipo de livro, não mesmo, mas só descobri quando terminei de ler. Quando vi o título achei que devia ser incrível. Além disso, sempre estabeleci uma relação entre esse nome e O Caçador de Pipas. Pode não ter nada a ver para você, mas na minha cabeça os dois livros sempre caminharam juntos, nem eu sei explicar o porquê. Talvez os caçadores de pipas corressem em campos de centeio, só na minha imaginação. Então, comecei a ler esperando uma narração digna do livro do Hosseini e encontrei um Holden Caulfied.
   O que mais me revoltou ao ler O apanhador no campo de centeio foi que eu fiquei esperando, durante todo o tempo, a história começar. E sabe como eu terminei o livro? Exatamente como o Caulfield costumava fazer, achando aquilo uma droga.
   Lá estou eu esperando uma grande morte no final, pra surpreender e fazer o leitor se revoltar, para fazer toda aquela chatice ter valido a pena. Sabe como é, um grande final pode salvar um livro inteiro, se o livro for ruim mas autor tiver a sorte do leitor ter tido paciência pra chegar até ali. Juro que meu coração acelerou enquanto eu me aproximava do fim, juro que eu esperava um atropelamento, um ataque cardíaco, um suicídio, um desabamento ou qualquer coisa assim. Mas o livro simplesmente acabou!
   Putz, já leu um livro que nunca começa? Esse é um, e eu não gostei. Provavelmente vão falar que eu não entendi nada, que o livro era muito bem bolado. Pode até ter tido toda uma importância histórica, ter sido um grande livro devido ao contexto da época, mas só me deu a sensação de ter perdido tempo lendo aquilo. Acho que foi isso que o assassino do John Lennon estava sentindo. Depois de ler um livro chato desse eu matava até o Raul Seixas (Sorte dele não estar vivo).

13 comentários:

Anônimo disse...

Olha, talvez esperar por algo extraordinário seja o que mais amarga uma história.
Já viu " Mais estranho que a ficção" ?
Fala levianamente sobre isso, e dá uma liçãozinha fajuta no final.

Mas eu gostei do filme.
:]
Vou ver se leio esse Caçador de Pipas. Toda hora eu vejo esse livro pra vender. Sem falar que a última coisa que comecei a ler eu não terminei ( Os Botões de Napoleão).

:*

Mi do Carmo disse...

Ah, eu sei muito bem como é essa sua sensação. "O apanhador" está na minha lista dos próximos a serem lidos, mas é o quinto ou sexto ainda... Depois que eu ler expresso minha opinião. E não que eu goste de ser do contra e negar o que todos gostam, mas acho interessante quando isso acontece. E acho que você está longe de receber pedras... leitura é muito pessoal. Em outra esfera da arte, por exemplo: eu não gosto muito de Glauber Rocha, entendo todo contexto, entendo a estética, a temática e não nego a importância dele na nossa História cultural e política, mas eu não gosto, acho chata e cansativa a maioria dos filmes. Eu já recebi várias pedras por conta disso...

Bjos!

Anônimo disse...

talvez achar decepcionante se dá pelo fato de já começar esperando muita coisa

Anônimo disse...

Só poderei dizer alguma coisa, quando eu ler esse livro e depois dessas palavras, eu garanto que irá demorar um pouco... ;)
Bjitos!

Anônimo disse...

Um adolescente que joga na sua cara tudo o que você foi (ou é) quase 60 anos antes de você estar nessa fase. Um guri que não quer ser velho (embora hoje tenha 70 anos) e que só pensa em como é difícil ser compreendido. É, realmente o livro não é tão bom. O negócio é ler uma história de uma cultura que atualmente é de massa e comparar com a cultura revoltada de uma época perdida. Pensando bem, não vou atirar pedras em você. A única coisa que posso dizer é que você tem sua opinião. E, ou você esqueceu o que é ser jovem, ou não chegou a experimentar essa fase. "Isso me deixa um bocado deprimido, ver pessoas espertas pra burro achando saber o que não sabem".

Anônimo disse...

Olá, indiquei seu blog no meu post do BlogDay! ;*

Anônimo disse...

Quando começamos uma leitura, o fazemos por uma trilha. A maioria espera duas coisas: romance bonitinho ou final trágico.
Pouca gente absorve o mais interessante que há no livro: o processo.
O desenrolar da história é o essencial do livro e exige compreensão de mundo, da complexidade do ser humano e da época, afinal, negar a história é limitação.
É difícil pra quem vive numa cultura imediatista e claudicante intelectualmente absorver coisas que exigem reflexão e raciocínio.
É bem mais fácil engolir tudo o que lhe dão "mastigadinho".

Anônimo disse...

MALDITA... Vai queimar no fogo do inferno!!!

Anônimo disse...

Pronto... DESABAFEI... me sinto bem melhor agora!!!

Anônimo disse...

Joel Martins, João Pedro @

Uhnnn, mas será que "aceitar tudo mastigadinho" não seria aceitar como bom um livro que todos consideram assim mesmo se ele não me agradar? :D Será que ele tem que ser mesmo bom só porque todo mundo diz? Mesmo não sendo meu tipo de livro, meu tipo de enredo?

Será que ser jovem compreende sempre as mesmas coisas?
Será que um jovem não pode se revoltar de uma maneira diferente sobre as coisas de sempre?

Se um jovem tem que se cansar de um mundo, então eu estou cansada do mundo dos jovens =/
Acho que o Caulfield também não gostaria daquele livro, se querem saber. Ele diria: "Não entendo, por exemplo, como ele pode gostar de um livro cretino daqueles e ainda gostar daquele tal de Caulfield".

Prefiro minha Agatha Christie, meu Admirável Mundo Novo e um 1984. ;)

descolonizado disse...

vou correr legoas desse livro.
eu realmente não estou afim de matar ninguém .

hua hua hua!

Anônimo disse...

Agatha Cristie é história - muito boa, dga-se de passagem - de romances, o Huxley e o George Orwell são quase profetas de um mundo futuro. Agora, falar que a história do Caulfield não mostra o drama que qualquer adolescente vai viver? A indecisão da vida, a insegurança com o futuro, a impressão de que tudo tem uma resolução simples, a idéia de nunca envelhecer? Não. Os adolescentes não tem a mesma visão de mundo, mas os dramas são os mesmos, as idéias para resolver os problemas são as mesmas. Você nunca teve medo de envelhecer? Nunca teve aquela paixão idiota que você nem quis admitir que era paixão? Nunca se achou tão esperto que não percebeu o quão idiota era às vezes? Nunca foi uma adolescente querendo ser um adulto? Realmente nossa visão de mundo é diferente, você não precisa achar o livro bom ou ruim, mas não ver em Caulfield um retrato do que você, eu, ou qualquer adolescente somos. Isso é não conhecer a sí mesmo...

Emi disse...

Eu entendi sua parte :)
Na verdade, eu não disse que o Caulfield não é retrato dos jovens, que ele não passou por situações que nós passamos... Só quis dizer que não gostei da leitura, que não gostei do livro em si. O fato de me identificar com as situações, nesse livro, não fez com que eu gostasse dele. Entende? Sei que é estranho, mas...